A Ortopedia, dentro da Medicina, é uma especialidade cirúrgica que estuda e trata patologia do aparelho locomotor, ossos, músculos e articulações, de onde excluímos a grelha costal e a cabeça por não fazerem parte do dito aparelho locomotor. Trata, de um modo genérico, dois grandes grupos de patologia; patologia degenerativa, resultante do desgaste articular consequente ao envelhecimento ou a patologias inflamatórias destrutivas (ex artrite reumatóide); patologia traumática com dois grandes grupos distintos: um jovem com lesões traumáticas resultantes de acidentes de alta energia, viação trabalho ou desportivos; outro mais idoso resultante das fraturas em ossos fragilizados onde sobressaem pela sua gravidade e alta frequência as fraturas proximais do fémur.
As doenças degenerativas atingem predominantemente as articulações de carga, articulações que suportam o peso do corpo, e entre estas particularmente os joelhos e as ancas dando origem a artroses. A alta frequência destas duas patologias resulta, principalmente, da melhoria da esperança de vida das sociedades desenvolvidas que faz com que as pessoas vivam para além daquilo para que estas articulações estão naturalmente preparadas, sobretudo se sujeitas a cargas excessivas ou a patologias facilitadoras.
Basicamente a coxartrose (artrose da coxo femoral) e/ou a gonartrose (artrose do joelho) resultam do desgaste da camada de cartilagem que reveste os ossos nas superfícies articulares e que permite que estes se movam em contacto de forma suave, com mínimo atrito e sem dor, este desgaste faz com que a articulação se passe a fazer de osso contra osso originando o sintoma predominante desta patologia que é a dor. Porque a ciência médica não dispõe, ainda de meios para regenerar esta cartilagem, para grandes extensões, dispomos unicamente de cirurgia paliativa em que substituímos as superfícies articulares por implantes que irão permitir, idealmente, o jogo articular de forma suave e indolor. São as cirurgias designadas por artroplastia da anca ou do joelho (ATA e ATJ respetivamente).
A ortopedia é a especialidade cirúrgica com maior diversidade de cirurgias, e estas são, seguramente das intervenções mais gratificantes, para o doente e para o cirurgião, pelos excelentes resultados que estatisticamente obtém, a ATA foi a originadora do único Nobel da medicina atribuído a um ortopedista Sir John Charnley.
Como já dissemos, o sintoma dominante destas patologias é a dor, caracteristicamente pior nos primeiros passos após um período de repouso, que melhora com a continuação do movimento, torna-se particularmente intolerável quando começa a interferir com o sono. Outros sinais e sintomas são a crepitação, a deformidade, o aumento de volume articular que levam o doente a recorrer ao auxílio do ortopedista. O exame chave para o diagnóstico é uma simples radiografia.
Feito o diagnóstico passamos à decisão do momento da intervenção, de uma forma geral a ideia é, quanto mais tarde melhor, dentro do limite do razoável, e em função da idade do doente, do nível de dor, e do nível de incapacidade e de perturbação nas atividades de vida diária e de relação. O doente tem de estas consciente que o implante que lhe vai ser colocado é uma peça mecânica, sujeita a desgaste, desgaste este dependente, entre muitas outras variáveis, do número de ciclos a que será sujeito, sendo que se necessário poderá ser mudado posteriormente com uma cirurgia de revisão do implante, cirurgia essa, em que os componentes implantados são substituídos no todo ou em parte. A sobrevida média dos implantes primários é, atualmente superior a 90% aos 15 anos.
Consciente destes factos é o doente que determina a data da cirurgia. Trata-se de uma intervenção que dura cerca de 1 hora, que determina um internamento médio de 5 dias, em que o doente inicia o levante e a marcha no dia seguinte à intervenção, tendo alta no momento em que adquire uma boa autonomia na marcha com a ajuda de canadianas. A restante recuperação é feita no domicílio, com a ajuda ou não de fisioterapia, mais necessária na ATJ do que na ATA. Em média poderemos esperar fazer marcha sem auxílio de canadianas aos 2 meses.
Não existem cirurgias sem complicações, com resultados garantidos, nem mesmo as mais simples. Estas complicações dependem de muitos fatores ligados ao próprio doente, à técnica cirúrgica, ao ambiente hospitalar e mesmo extra hospitalar após a alta. De entre estas a mais temida é de facto a infeção, que felizmente ocorre numa percentagem diminuta de casos, 1 a 2%, mas que quando ocorre obriga regra geral a uma ou mais reintervenções com substituição total ou parcial dos implantes.
Outra complicação prende-se com a instabilidade do implante, principalmente na anca, e que no limite origina a desmontagem da nova articulação. A dor de causa indeterminada é uma situação em que persiste um quadro álgico sem que clinica ou radiologicamente se detete a causa. Existem outras complicações, mas menos relevantes.
Estas duas intervenções são, ATA e ATJ, restituem, de facto, uma qualidade de vida aos doentes com estas patologias permitindo-lhe a retoma das atividades de vida diária e de lazer, com uma franca diminuição da dor, e o seu sucesso depende em muito de uma equipa hospitalar, cirurgião, anestesista, enfermagem e fisioterapeuta, experiente e rotinada se modo a otimizar as hipóteses de sucesso.
O objetivo da prótese da anca ou do joelho é o alívio da dor, aumentar a mobilidade do doente e melhorar a sua funcionalidade nas tarefas do quotidiano. A articulação lesada é removida e substituída por um implante artificial.
A prótese da anca poderá ser total ou parcial. A prótese parcial é realizada em fraturas da anca. Quando se trata de uma primeira cirurgia esta é conhecida por “Cirurgia Primaria” e as subsequentes substituições são conhecidas por “revisões”. As cirurgias para revisões de próteses estão a tornar-se cada vez mais comuns, pois cada vez se recorre mais cedo á prótese da anca.
O tamanho padrão da incisão para a cirurgia convencional é entre 25 e 15 centímetros. Atualmente a incisão poderá medir 15 ou menos centímetros. O tamanho da incisão é determinado pelo cirurgião e também pela condição física do doente.
A Unidade de Artroplastias do Membro Inferior (UAMI) do Hospital Particular de Gambelas constituiu-se em 2010, tendo como missão assegurar uma experiência positiva e os melhores resultados funcionais após uma cirurgia de artroplastia da anca e/ou do joelho.
A nossa equipa multidisciplinar baseia a sua prática na melhor evidência científica disponível, utilizando métodos e técnicas que são considerados o Gold Standard nesta área cirúrgica, com destaque para:
Relativamente aos processos de Investigação & Ensino a nossa experiência já é igualmente vasta e robusta:
Ver publicações:
The role of the femoral anterior offset index on the degree of flexion in total knee arthroplasty
Anterior femoral cut in total knee arthroplasty: a classification proposal